segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Um Grito de Alarme na Copacabana de 1926

Ruas sem limpeza. aguas estagnadas, grama alta, lixo ...

Abandonada, sem o interesse e o carinho que merecem a, cousas publicas, como se fossem réstuilius, vemos certas ruas de Copacabana — o bairro do bom tom da cidade mais culta da America Meridional.

Sendo isto, infelizmente, dolorosa verdade, attestada de visu por nós e pelos que quiserem dar pequeno passeio de inspecção á cidade, resolvemos soltar o nosso grito de alarma, valendo como protesto energico, estas linhas que serão lidas pelos que desejam tambem o nosso progresso.

Como se entregar á sua sorte, ao léo, á indifferença criminosa, uma grande porção da cidade e na parte em que é ella mais visitada?


Copacabana, o salão magestoso do Rio de Janeiro, constitue o fundo de um quadro unico, de esthetica impressionante e excepcional.

Será admissivel a falta de limpeza, os buracos, as aguas estagnadas , a grama alta, o lixo, a absoluta carencia de hygiene que notadas em certas ruas deste bairro?

Depois, como se estivessemos nos langinquos sertões mattogrossenses, ou nas praias barrentas acreanas, vêem-se, a solta cavallos, cabras, cães, galinhas. gozando as delicias da liberdade  e infeccionando a atmosphera, deixando, no percurso que fazem, vestigios inequivocos e nojentos de que são a cauza — as franquias de que gozam, por parte doa agentes da Prefeitura.

 
Dizem que atravessamos época morbida, falla-se da varíola, da escarlatina, etc. Estando numa transição de estação, como não se ponderar tudo isto.

Não pagamos impostos, não somos, todos nos, contribuintes das rendas que, em globo, são bem vultuosas na receita municipal? Onde se esgotam as energias mondarias, a renda das taxas que pagamos?

Clamando contra taes anomalias vem de ha muito o Beira-Mar — vigia incondicional da vida e da propriedade urbanas.

Na praça Cardeal Arcoverde, na rua Barata Ribeiro, pouco adiante da ladeira do Leme e nas circumvizinhanças da Chacrinha existe mais lixo do que na Sapucaia. Exaggeramos?! Não. A época é doentia, de febres de mão caracter, não convem confiar demasiado na pureza benefica, natural do nosso clima, de nossas praias. E uma onça de prevenção vale arroubas de curas ou de medica-mentos em appIicacão.

 
Previnamo-nos contra os miásmas deleterios que possam entrar no ar que respiramos; a poeira, as aguaa estagnadas, a lama, os mosquitos são fócos de molestias, de luto e de tristezas.

Senhores da Hyglene, em prol da cidade, em memoria do vulto sagrado que foi Oswaldo Cruz — um pouco de attenção aos bairros da cidade que vive attonita e apprehensiva diante da inercia criminosa da Saude Publica.

Texto reproduzido na íntegra, sem correção ortográfica, mantendo-se a grafia da época

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