terça-feira, 27 de janeiro de 2015

O Soneto do Automóvel

O Soneto do Automóvel - Publicado na Revista Fon Fon de 1907

 

Salve-se quem poder! Arreda! Arreda!

Vim de automovel para chegar cedo

e ei de tudo levar de queda em queda

Pois de tudo saber trago o segredo


Ao espírito e á graça bato moeda

E levo a vida toda de brinquedo

De tudo revelar ninguem me véda

E de tudo dizer não tenho medo!


Na cidade não ha quem me anteceda

Poe essas avenidas enveredo

De dia ou pela noite muda e queda.


Não minto nem aos outros arremédo

Trago aos dedos um látego de seda

E eis feito o meu programma, eis o meu credo.

 

Transcrito na íntegra sem correções na grafia da época.

 

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